
O Brasil que precisa ser ouvido...
O projeto MBC foi idealizado pelo Maestro Ricardo Rocha há 30 anos no Rio de Janeiro. A ideia de colaborar com a construção e/ou preservação da identidade cultural brasileira através da difusão organizada da Musica Brasileira de Concerto não é apenas original, é fundamental.
O Projeto que deverá contar com um apoio cada vez maior do Estado, da Inciativa Privada e da Sociedade Civil Organizada, poderá se estabelecer com um poderoso instrumento de comunicação ao se integrar ao plano estratégico brasileiro de se posicionar globalmente como uma potência realizadora nas próximas décadas.
O projeto MBC foi idealizado pelo Maestro Ricardo Rocha há 30 anos no Rio de Janeiro. A ideia de colaborar com a construção e/ou preservação da identidade cultural brasileira através da difusão organizada da Musica Brasileira de Concerto não é apenas original, é fundamental.
O Projeto que deverá contar com um apoio cada vez maior do Estado, da Inciativa Privada e da Sociedade Civil Organizada, poderá se estabelecer com um poderoso instrumento de comunicação ao se integrar ao plano estratégico brasileiro de se posicionar globalmente como uma potência realizadora nas próximas décadas.
Mas o que significa a marca MBC?
Ricardo Rocha: MBC é o signo visível de um movimento, o sinal tangível do que talvez represente o último grande tesouro cultural do Brasil a ser descoberto, pesquisado de forma unificada e abrangente em nível nacional e tornado objeto de uma política pública não só nacional, mas principalmente internacional, na medida em que representa, hoje, a única expressão de sua Cultura capaz de mudar de maneira efetiva a imagem de nosso país no exterior, onde é refém de toda sorte de estereótipos, sejam eles positivos ou negativos.
E se falamos sobre música brasileira, aqui e no exterior, é sobre música popular brasileira e sua marca MPB que nossa conversa transcorrerá, este belo patrimônio musical que veio sendo criado há pouco mais de cem anos, já conhecido e reconhecido nacional e internacionalmente.
Contudo, o que dizer de uma literatura que vem sendo escrita há mais de trezentos anos aqui no Brasil, e por brasileiros, a partir do início do século XVII, a qual deu à luz os maiores expoentes musicais das Três Américas nos séculos 18, 19 e 20, respectivamente Pe. José Maurício N. Garcia, Carlos Gomes e Villa-Lobos, assim como a Alberto Nepomuceno, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Cláudio Santoro, Guerra-Peixe (que ora comemoramos o centenário de seu nascimento), Almeida Prado e tantos outros que já nos deixaram, sem falar nos vivos, como Marlos Nobre, Sérgio Vasconcelos Corrêa, Edino Krieger, Ronaldo Miranda, Ricardo Tacuchian, João Guilherme Ripper, Nikolai Brucher e uma infinidade de outros excelentes criadores das anteriores ou das novas gerações?
Este monumento precisa ser levado para os cinco continentes para a produção de um ‘boom’ internacional tão grande ou maior que foi o da literatura latino-americana quando Pablo Neruda ganhou o Prêmio Nobel, atraindo Garcia Márquez, da Colômbia, Jorge Luis Borges, da Argentina e Jorge Amado, do Brasil, o qual, por sua vez, puxou inúmeros escritores nacionais, de Machados de Assis aos nossos mais jovens, a maioria hoje traduzidos em mais de 70, 80 línguas.
Nossa MBC tem força para dar fôlego ao repertório batido de orquestras do mundo inteiro, que ficam rodando seus programas de Haydn, Mozart e Beethoven a Stravinsky, Bártok e Prokoviev; tem força para resgatar a falida indústria fonográfica, que não tem mais porque gravar as grandes obras do Ocidente, quando suas principais versões já foram realizadas e podem ser baixadas gratuitamente pelo You Tube!
É notório que, de algumas décadas para cá, esforços heroicos em prol do resgate e da difusão desta literatura vêm sendo feitos, tanto na execução, como também nas pesquisas e restaurações de nossa música colonial, com trabalhos de resgate, reparo e registro informatizado de partituras antigas, além de algumas poucas iniciativas para a difusão e mostra desta música brasileira, como as revistas de música e os raros programas de rádio e TV.
O que falta para o MBC se estabelecer definitivamente?
Ricardo Rocha: O que precisamos é de um movimento, articulado o suficiente para trazer à tona e ao conhecimento geral a existência desta literatura, pois que até eminentes representantes de nossa intelectualidade desconhecem-na, conferindo à MPB status exclusivo da expressão musical brasileira.
No 'manifesto' publicado na série "Selo Musical” no Centro Cultural Correios em 2003, defendemos que a criação de uma marca que oferecesse um rosto para o conjunto deste secular acervo, poderia representar um primeiro passo para sermos vistos sob uma forma que nos daria identidade e legitimidade no mercado global.
Ricardo Rocha: MBC é o signo visível de um movimento, o sinal tangível do que talvez represente o último grande tesouro cultural do Brasil a ser descoberto, pesquisado de forma unificada e abrangente em nível nacional e tornado objeto de uma política pública não só nacional, mas principalmente internacional, na medida em que representa, hoje, a única expressão de sua Cultura capaz de mudar de maneira efetiva a imagem de nosso país no exterior, onde é refém de toda sorte de estereótipos, sejam eles positivos ou negativos.
E se falamos sobre música brasileira, aqui e no exterior, é sobre música popular brasileira e sua marca MPB que nossa conversa transcorrerá, este belo patrimônio musical que veio sendo criado há pouco mais de cem anos, já conhecido e reconhecido nacional e internacionalmente.
Contudo, o que dizer de uma literatura que vem sendo escrita há mais de trezentos anos aqui no Brasil, e por brasileiros, a partir do início do século XVII, a qual deu à luz os maiores expoentes musicais das Três Américas nos séculos 18, 19 e 20, respectivamente Pe. José Maurício N. Garcia, Carlos Gomes e Villa-Lobos, assim como a Alberto Nepomuceno, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Cláudio Santoro, Guerra-Peixe (que ora comemoramos o centenário de seu nascimento), Almeida Prado e tantos outros que já nos deixaram, sem falar nos vivos, como Marlos Nobre, Sérgio Vasconcelos Corrêa, Edino Krieger, Ronaldo Miranda, Ricardo Tacuchian, João Guilherme Ripper, Nikolai Brucher e uma infinidade de outros excelentes criadores das anteriores ou das novas gerações?
Este monumento precisa ser levado para os cinco continentes para a produção de um ‘boom’ internacional tão grande ou maior que foi o da literatura latino-americana quando Pablo Neruda ganhou o Prêmio Nobel, atraindo Garcia Márquez, da Colômbia, Jorge Luis Borges, da Argentina e Jorge Amado, do Brasil, o qual, por sua vez, puxou inúmeros escritores nacionais, de Machados de Assis aos nossos mais jovens, a maioria hoje traduzidos em mais de 70, 80 línguas.
Nossa MBC tem força para dar fôlego ao repertório batido de orquestras do mundo inteiro, que ficam rodando seus programas de Haydn, Mozart e Beethoven a Stravinsky, Bártok e Prokoviev; tem força para resgatar a falida indústria fonográfica, que não tem mais porque gravar as grandes obras do Ocidente, quando suas principais versões já foram realizadas e podem ser baixadas gratuitamente pelo You Tube!
É notório que, de algumas décadas para cá, esforços heroicos em prol do resgate e da difusão desta literatura vêm sendo feitos, tanto na execução, como também nas pesquisas e restaurações de nossa música colonial, com trabalhos de resgate, reparo e registro informatizado de partituras antigas, além de algumas poucas iniciativas para a difusão e mostra desta música brasileira, como as revistas de música e os raros programas de rádio e TV.
O que falta para o MBC se estabelecer definitivamente?
Ricardo Rocha: O que precisamos é de um movimento, articulado o suficiente para trazer à tona e ao conhecimento geral a existência desta literatura, pois que até eminentes representantes de nossa intelectualidade desconhecem-na, conferindo à MPB status exclusivo da expressão musical brasileira.
No 'manifesto' publicado na série "Selo Musical” no Centro Cultural Correios em 2003, defendemos que a criação de uma marca que oferecesse um rosto para o conjunto deste secular acervo, poderia representar um primeiro passo para sermos vistos sob uma forma que nos daria identidade e legitimidade no mercado global.